Carreira

Principais Dificuldades em Projetos Globais SAP

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Introdução

Particularmente, eu gosto muito de atuar dentro de um projeto global. Conhecer pessoas novas, de países e culturas diferentes, falar em outros idiomas, aprender modos de pensar diferentes, etc.

Mas, por trás de toda a parte boa e as oportunidades de um projeto global, também existem os desafios e, quero falar justamente disso hoje.

Desafios

Complexidade

Quando falamos de projetos globais realizados no Brasil, um dos primeiros desafios é justamente a complexidade fiscal e legal. (Isso também ocorre em outros países: Rússia, Argentina, etc).

Em todos os projetos no qual passei, independente do preparo do time global do cliente (alguns realmente se preparam muito antes do projeto), falar sobre os diversos impostos e legislações do Brasil parecia um grande pesadelo.

As vezes era engraçado, quando eu começava a explicar os processos locais dentro do próprio SAP, utilizando inclusive apresentações oficiais da própria SAP, e eu observava a cara de confusão e frustração das pessoas.

A complexidade dos impostos, da nota fiscal, e a quantidade de obrigações legais é sem sombra de dúvidas, um dos maiores desafios de qualquer projeto global realizado em um país de legislação complexa.

É sem sombra de dúvida o ponto no qual os estrangeiros mais reclamam ao participarem em um projeto no Brasil.

Comunicação

Sinceramente, não sei qual dos dois pontos são mais desafiadores.

Se é realmente a complexidade legal ou a comunicação que realmente é o maior desafio.

Na maioria das vezes é muito difícil que todas as pessoas do projeto tenham um bom nível de inglês.

Esse fator é extremamente importante para o bom andamento do projeto.

E por que digo isso?

No inicio do projeto, geralmente na fase de Workshops e Fit-Gaps, o grande propósito é que o time global e os consultores entendam profundamente os processos locais.

Para isso, é importante que os usuários (business) expliquem na maior profundidade possível cada processo para que possam ser identificados os gaps de mudança do Template do projeto.

Esse é um ponto extremamente crítico, pois o Template Global, por via de regra, deve ser modificado o mínimo possível, principalmente para que diversos países possam estar utilizando a mesma estrutura do sistema SAP.

Agora, imagine a seguinte situação.

Durante o Fit Gap, temos diversos Key Users (os usuários do negócio que realmente entendem a fundo dos processos) que são incríveis no que fazem. Entendem no detalhe todos os processos de sua área (Vendas, Compras, Inventário, Produção, Qualidade, etc).

Mas, infelizmente, o nível de inglês de um determinado Key User é mediano e o seu consultor local correspondente (um brasileiro no caso) também possui um nível mediano.

Sabe o que irá acontecer?

Durante o Fit Gap pouquíssimos Gaps serão encontrados, pois ambos não conseguiram entender e se expressar da maneira que deveriam.

O gerente do projeto irá criar um planejamento para o projeto baseado com os Gaps que foram levantados e durante a fase de testes, aquele mesmo Key User e consultor irão conversar com o mesmo Gerente de Projeto (provavelmente desesperados) e dizer que existem mais X Gaps novos.

Na verdade, não são Gaps novos.

São Gaps que não foram mencionados, simplesmente por problemas de comunicação.

Claro que não podemos generalizar. Durante a fase de testes, realmente aparecem Gaps novos. Isso é normal em todos os projetos.

Só que nesse caso (já vi isso em muitos projetos), a comunicação deficitária levou o planejamento do projeto para o buraco.

Na minha opinião, o melhor caminho para quando isso acontecer, é realmente os próprios Key Users e consultores pedirem ajuda a outras pessoas que tem um bom nível de inglês.

Não pode ter vergonha nessa hora.

Ao levantar a mão o quanto antes, a chance de o projeto dar certo (no prazo correto) aumentará muito e com certeza todos terão uma convivência muito mais tranquila.

Cultura

Um terceiro fato que costuma ser um grande desafio, são as diferenças culturais.

É praticamente impossível que pessoas de países distantes pensem e trabalhem exatamente da mesma maneira.

Inclusive, em países grandes como o Brasil, pessoas de estados afastados já são bem diferentes, imagine entre países diferentes que falam idiomas diferentes?

A pior coisa que pode ser feita nesse caso é se formarem “grupos”.

O que quero dizer com “grupos”?

As pessoas se agrupam por serem mais parecidas e praticamente não conversam com os profissionais de outros países.

Isso é pode levar um projeto realmente ao fracasso.

Aqui entra a figura do gerente do projeto, pois ele deve estar realmente atento a isso.

A falta de união dentro de um projeto pode levar a muitos atrasos. Aprovação de gaps, soluções, reuniões sem foco, etc.

Mas não é apenas o gerente do projeto que deve estar atento. Todos nós devemos estar.

Devemos aceitar que as pessoas são diferentes e inclusive levar isso como uma oportunidade de aprendizado.

Caso notemos que algo não está bem (principalmente com seu par do time global), não existe o menor problema em chegar na pessoa e perguntar se tem algo que ele/ela enxerga que deve ser modificado.

Humildade é e palavra-chave aqui.

Ser humilde abre muitas portas na vida e caso queira começar a ser mais humilde, os projetos são uma ótima oportunidade para isso.

Observe que além de você conseguir realizar filtros por tipo de material, grupo de material, estoque especial, você consegue ver quantidade e valor a nível de lote! É muito útil!

Conclusão

Sei que esse tema é um pouco polêmico e inclusive, muitos profissionais podem discordar da minha visão sobre o assunto.

Mas acredito que, em muitas situações, podemos realmente melhorar e transformar problemas em oportunidades de crescimento pessoal e profissional.

Trabalhar em ambiente multiculturais é uma oportunidade incrível, não desperdice!

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Caso você tenha qualquer sugestão (inclusive de assuntos que gostaria de ler a respeito), fique à vontade em enviar um e-mail para sapsteps@sapsteps.com.

Um grande abraço,

Bruno César

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Atuando há 16 anos na área de tecnologia da informação (mais de 10 anos especificamente como consultor SAP), Bruno César é consultor SAP especialista em Supply Chain, tendo atuado em diversos projetos globais para empresas ao redor do globo. Além de SAP, ele também se dedica a área de investimentos financeiros e escreve livros.

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